quarta-feira, 2 de abril de 2014

Osho

Nunca seja inspirado por ninguém.
Permaneça aberto.
Quando você ver um lindo pôr do sol,
desfrute essa beleza; quando ver um Buda,
desfrute a beleza do homem,
desfrute o silêncio, desfrute a verdade
que o homem realizou,
mas não se torne um seguidor. Todos os seguidores estão perdidos.
(Osho)


Em 1931 Mohan Chandra Rajneesh - Osho - nasceu em Kuchwada,  Madhya Pradesh, Índia, em dezembro de 1931, filho mais velho de um modesto comerciante  de roupas, que pertencia à religião Jaina. Passou os primeiros sete anos com seus avós, que lhe concedem absoluta liberdade de fazer exatamente o que lhe apetecesse, apoiando-o inteiramente em suas precoces e intensas investigações dentro da verdade e sobre a vida.
Osho experiencia o seu primeiro satóri aos 14 anos de idade. Durante esses anos, seus experimentos com a meditação se aprofundam e a intensidade da sua busca espiritual cobra-lhe tributos sobre sua condição física. Seus parentes e amigos chegam  a temer que ele pudesse não viver muito.
Na idade de 21 anos, no dia 21 de março de 1953, Osho atinge à iluminação, o mais alto pico da consciência humana.  Neste ponto, como ele diz, termina sua biografia exterior –  passa a viver o estado de não-ego, de completa comunhão com o Todo, em perfeita unidade com as leis interiores da vida.  Todavia, exteriormente, ele continua a ir ao encalço de seus estudos, na Universidade de Saugar, onde se gradua, em 1956, com Honra de Primeira Classe em Filosofia, ganhando a medalha de ouro na sua turma de graduação. Torna-se  Campeão de Debates em toda a Índia.

Em 1957 Osho começa a lecionar na Faculdade de Sânscrito, em Raipur. Um ano mais tarde, torna-se professor de Filosofia na Universidade de Jabalpur. Em 1966 entrega  este posto,  a fim de dedicar-se,  inteiramente,  à tarefa de ensinar a arte da meditação ao homem moderno. Durante os anos sessenta, viajará por toda a Índia, de um lado a outro  e de cima a baixo,  como Acharya  (professor) Rajneesh, levantando a  ira  do sistema estabelecido, aonde quer que fosse, ao por a nú  a hipocrisia  dos investimentos de interesse e suas tentativas para obstruir  o acesso do homem  ao mais alto direito humano - o direito de ser ele-mesmo. Durante este período, Osho toca o coração de milhares de pessoas em suas palestras  para enormes audiências, muitas vezes com mais de  dez mil pessoas reunidas.



Em 1968  Osho vai para Bombaim, passando a viver e a ensinar ali. Começa a desenvolver uma série de campos de meditação, a maioria nas montanhas, onde ele apresenta a revolucionária “Meditação Dinâmica”,
uma técnica especialmente dirigida ao homem moderno, objetivando a liberação de emoções reprimidas, o estado de alerta, o relaxamento e a harmonia celebrativa.
A partir de 1970,  ele  começa  a “iniciar” as pessoas no Neo-sânias,  um caminho de comprometimento  com a pesquisa sobre si mesmo, com a meditação, com a expansão do amor e da consciência. Ele começa, então, a ser chamado de Bhagwan
 (O Abençoado).Chegam os primeiros buscadores do Ocidente, entre eles, muitos profissionais terapeutas. A fama de Osho começa a se espalhar por toda a Europa, Estados Unidos e Américas, Austrália e Japão. Os Campos de Meditação mensais continuam e, em 1974, um novo local é encontrado em Puna, onde o ensinamento pôde ser intensificado.
No 21º aniversário da iluminação de Osho, o “ashram” de Puna é aberto ao mundo. O raio de influência de Osho tornara-se internacional. Mas, ao mesmo tempo, Osho recolhe-se  cada vez mais e mais  na privacidade do seu quarto, aparecendo apenas duas vezes ao dia: discursando de manhã e  dando iniciação e aconselhamento aos buscadores, à noite.
Nesta fase, desenvolvem-se os revolucionários grupos de terapia, combinando insights orientais em meditação com a psicoterapia ocidental.
Em dois anos, o ashram ganha a reputação de o mais exemplar centro de crescimento e terapia do mundo.
Nesta época, os discursos de Osho já abarcavam todas as grandes tradições religiosas do mundo. Ao mesmo tempo, Sua vasta erudição na ciência e no pensamento ocidentais, Sua clareza de fala e a profundidade de seus argumentos faz desaparecer, para seus ouvintes, a distância, até então consagrada pelo tempo, entre o Oriente e o Ocidente. Seus discursos, gravados e transcritos em livros, compreendendo centenas de volumes,  são absorvidos por centenas de milhares de leitores em todo o mundo.  Ao final dos anos setenta, o ashram de Osho, em Puna, transforma-se na meca dos modernos buscadores da verdade.
O primeiro-ministro indiano, Morarji Desai, um tradicional devoto hindu, envida, então,  todos os esforços para que os discípulos de Osho mudem seu ashram para um remoto cantão da Índia, onde eles, virtualmente,  poderiam experimentar, com a aplicação dos ensinamentos do Mestre, a criação de uma comunidade auto-suficiente, vivendo todos, como propunha Osho, em meditação, amor, criatividade e riso.
Em 1980 Acontece um atentado para assassinar Osho, durante um de seus discursos, por um membro de uma tradicional seita hindu. Apesar de as religiões e as igrejas oficiais fazerem oposição a Ele, tanto no Oriente como no Ocidente, Osho, a esse tempo, já totaliza mais de quinhentos mil discípulos por todo o mundo.
Em 1º de maio de 1981, Osho para de falar, iniciando-se, então, uma fase de “comunhão silenciosa coração-a-coração”, enquanto o Seu corpo repousa, devido a males na região da coluna. Ele fora levado aos EUA pelo Seu médico e acompanhantes, em vista de uma  possível cirurgia. Mas Seus discípulos americanos decidem adquirir 64 mil acres de terra no deserto do Óregon Central e convidam Osho para ficar lá. Osho se recupera rapidamente e uma comuna agrícola modelo evolui ao Seu redor com surpreendente velocidade e resultados impressionantes, recuperando a terra desvalorizada e exaurida do deserto, transformando-a num oásis verde que passa a alimentar uma população de 5 mil pessoas.

Durante os festivais anuais de verão, organizados pelos amigos de Osho vindos de todas as partes do mundo, mais de quinze mil visitantes são hospedados e alimentados nesta nova cidade chamada de Rajneeshpuram.
Paralelo ao rápido crescimento da comuna no Óregon, surgem grandes comunas em todas as grandes capitais dos países ocidentais e, também, no Japão, sustentadas independentemente. Nessa época, Osho requer residência permanente nos EUA, como líder religioso, mas seu pedido é recusado pelo governo norte-americano - uma das razões dadas é o seu voto público de silêncio. Ao mesmo tempo, a nova cidade vê-se sob a mira de ataques legais abundantes e crescentes, por parte do governo do Óregon e da maioria cristã no Estado. As leis sobre o uso da terra, do Óregon, a pretexto de proteger o desenvolvimento, torna-se a maior arma na luta contra a nova cidade que havia surgido através da  dedicação de um enorme esforço na recuperação da terra estéril - na verdade, uma cidade que tinha se tornado um modelo ecológico para o mundo.
Em outubro de 1984, Osho recomeça a falar para pequenos grupos, na Sua residência e, em julho de 1985, Ele volta a discursar todas as manhãs, para milhares de buscadores, no Rajneesh Mandir.
A secretária pessoal de Osho e vários membros da administração da comuna vão embora de repente, e vem à tona todo um conjunto de atos ilegais cometidos por eles. Osho convida as autoridades norte-americanas para irem à cidade, e investigarem completamente o caso. As autoridades norte-americanas usam, então, esta oportunidade para acelerar sua luta contra a comuna.
Em 29 de outubro, Osho é preso sem qualquer mandado, em Charlotte, na Carolina do Norte. Na audiência para estabelecer a fiança, Ele é algemado. A viagem de volta ao Óregon, onde ele tinha de aparecer em juízo - normalmente, cinco horas de vôo -, leva oito dias. Durante dois daqueles dias, não houve sinal de Osho. Mais tarde,  Osho revela que, na Penitenciária do Estado de Oklahoma, Ele havia sido registrado sob o nome de “David Washington” e que fora colocado numa cela isolada com um prisioneiro que sofria de herpes infecciosa, uma doença que poderia  ter-lhe sido fatal. Apenas uma hora antes de ser finalmente libertado, após uma provação de doze dias algemado na prisão, uma bomba é descoberta na cadeia de Portland, Óregon. Todos são evacuados, com exceção de Osho, que é mantido lá dentro, por uma hora.
Em meados de novembro, Seus advogados insistem com Ele para que aceite a imputação de culpa em duas das trinta e quatro premissas de “violação de imigração”, nas quais Ele fora incriminado. Assim, evitar-se-ia mais riscos futuros à Sua vida nas mãos do sistema judiciário norte-americano. Osho concorda e dá entrada ao chamado “Apelo Alford”, um apelo peculiar ao sistema judiciário nos EUA, pelo qual ele poderia aceitar a imputação de culpa e, ao mesmo tempo, manter Sua inocência. Ele é, então, multado em quatrocentos mil dólares e é obrigado a deixar os EUA, sem poder voltar dentro do período de cinco anos. Osho deixa os Estados Unidos em jato particular no mesmo dia e voa para a Índia, onde passa um curto tempo de descanso nos Himalaias.
Uma semana mais tarde, a comuna do Óregon decide se dispersar. Numa conferência à imprensa, o Procurador dos EUA, Charles Turner, enumera três pontos em resposta à pergunta: “Por que os delitos levantados contra a secretária também foram um peso para Bhagwan?”. Turner revela que a prioridade primeira do governo era a de destruir a comuna e que as autoridades sabiam que o afastamento de Osho precipitaria isso; em segundo lugar, eles não queriam transformar Osho em um mártir; em terceiro lugar, que não havia nenhuma prova, fosse qual fosse, que O implicasse em qualquer um dos crimes.
A nova secretária de Osho, Sua acompanhante, Seu médico e outros discípulos ocidentais acompanhantes dele, são obrigados a sair da Índia - tiveram seus vistos de entrada cancelados. Nenhuma razão é apresentada, pelo governo indiano, para esta ação sem precedentes, exceto esta: “Vocês não são desejados aqui”.  Osho vai, também, embora e junta-se a eles em Kathmandu, no Nepal, onde prossegue com seus discursos diários.
Osho vai para a Grécia em fevereiro de 1986, com um visto de turista de trinta dias, e fica como hóspede na casa de campo de um produtor de cinema grego e recomeça a falar duas vezes por dia. Os discípulos afluem para ouvi-Lo. O clero da Igreja Ortodoxa Grega ameaça, então, o governo grego, dizendo que “correria sangue”, a menos que Osho fosse mandado embora do país.
Em 05 de março de 1986 A polícia viola a casa de campo e prende Osho, sem mandado, tranferindo-o para Atenas, onde somente vinte e cinco mil dólares de suborno demovem as autoridades do intento de colocá-Lo num navio para a Índia. Ele parte num jato particular para a Suíça, onde o Seu visto de permanência de sete dias é cancelado por guardas armados, logo na chegada. Ele é declarado “persona non grata”, devido aos “delitos de imigração nos Estados Unidos”, e convidado a se retirar.Ele voa para a Suécia, onde é recebido do mesmo modo - cercado por guardas armados de fuzis. É-Lhe dito, então, que Ele era “um perigo para a segurança nacional” e é ordenado a sair imediatamente.
Osho voa em seguida para a Inglaterra. Seus pilotos estavam, então, legalmente fadados a descansar durante oito horas. Osho queria esperar no Saguão da Primeira Classe em Trânsito, mas não Lhe é permitido; assim como não Lhe permitem ficar num hotel para pernoite. Em vez disso, Ele e seus companheiros são trancados numa pequena cela suja, lotada de refugiados.
Osho e seu grupo voam para a Irlanda, onde lhes fora dado visto de turista. Ficara num hotel perto de Lemerick. Na manhã seguinte, a polícia chega e manda-os embora imediatamente. Entretanto, isso não torna-se possível, porque, nessa altura, o Canadá tinha recusado permissão ao avião de Osho, para aterrissar e reabastecer, a fim de voar para Antigua, no Caribe.
Esta negativa extraordinária do direito de reabastecer, é feita apesar de uma apólice do Lloyds de Londres, garantindo que Osho não desceria do avião.
Sob a condição de que não haveria nenhuma publicidade que pudesse embaraçar as autoridades, Ele tem permissão de permanecer na Irlanda, até que outros arranjos pudessem ser feitos.
Durante a espera, Antigua retira a permissão de entrada de  Osho. A Holanda, quando solicitada, também recusa Osho.
A Alemanha já havia passado um “decreto preventivo” impedindo a entrada de Osho no país. Na Itália, o requerimento do Seu visto de turista estava retido - e, na verdade, quinze meses depois, ainda não lhe haviam concedido o visto.
Na última hora, o Uruguai surge com um convite e, assim, em 19 de março, Osho, Seus devotos e companheiros de viagem voam para Montevidéu, via Dacar, Senegal.
O Uruguai chega até a abrir a possibilidade de residência permanente. Entretanto, é no Uruguai, que se vem a descobrir o por quê de Lhe estarem negando acesso, em todos os países, nos quais Ele tentasse entrar: telexes com “informações diplomáticas secretas” (todos vindos de fontes governamentais da NATO), mencionando rumores da INTERPOL de cargas de contrabando, negócios com drogas e prostituição” ligados ao círculo de Osho, haviam sido enviados, invariavelmente, aos países onde havia perspectiva de hospedagem.
A fonte dessas histórias, descobriu-se ser os Estados Unidos. Logo, logo, o Uruguai fica sob a mesma pressão.
O governo uruguaio decide anunciar numa entrevista à imprensa, que Osho tinha obtido garantia de residência permanente no país.
Naquela mesma noite, Sanguinetti, o Presidente do Uruguai, recebe um chamado de Washington, DC, dizendo que, se Osho ficasse no Uruguai, a dívida externa com os Estados Unidos, de seis bilhões de dólares, poderia ser cobrada e que nenhum empréstimo futuro seria dado.
Osho é solicitado a deixar o Uruguai no dia 18 de junho. No dia seguinte à partida de Osho, Sanguinetti e Ronald Reagan anunciam de Washington um novo empréstimo dos EUA para o Uruguai, de cento e cinqüenta milhões de dólares.
A Jamaica garante a Osho um visto de 10 dias. Momentos antes de Ele aterrissar lá, um jato da marinha dos Estados Unidos aterrissa próximo ao jato particular de Osho e descem dele dois paisanos. Na manhã seguinte, os vistos de Osho e de Seu grupo são cancelados, “por razões de segurança nacional”.
Osho segue viagem até Lisboa, via Madrid, e permanece com “paradeiro ignorado” por algum tempo. Algumas semanas mais tarde, policiais são colocados ao redor da casa de campo onde Ele estava descansando. Osho decide retornar à Índia no dia seguinte, 28 de julho.
Ao todo, vinte e um países, até então, ou O haviam deportado ou Lhe negado entrada.
Osho chega a Bombaim, Índia, onde fica por seis meses, como convidado pessoal de um amigo indiano. Na privacidade do lar do Seu hospedeiro, ele retoma os discursos diários.
Osho muda-se para a casa do ashram em Puna, onde ele tinha morado a maior parte dos anos setenta. Imediatamente após a chegada de Osho, o chefe de polícia de Puna ordena-lhe que saia da cidade, sob os argumentos de que Ele era uma “pessoa controversa” que poderia “perturbar a tranqüilidade da cidade”. A ordem é revogada no mesmo dia, pelo Supremo Tribunal de Bombaim.
O mesmo fanático hindu que, em maio de 1980, tentara matar Osho jogando n’Ele uma faca durante um discurso público, começa a fazer ameaças agressivas de invadir o ashram com duzentos homens treinados em artes marciais - a menos que Osho fosse mandado embora de Puna.
Ao mesmo tempo, as Embaixadas indianas ao redor do mundo e os funcionários de imigração no aeroporto de Bombaim começam a recusar a entrada de ocidentais “identificados como seguidores do Acharya Rajneesh”.


Após sete semanas doente, quando uma simples infecção negava-se a responder a qualquer tratamento, os médicos de Osho diagnosticam uma deterioração generalizada das Suas condições físicas, devido a envenenamento; uma análise posterior conclui que era envenenamento por tálium, um metal pesado de efeito lento, progressivo e fatal. Durante discurso público, Osho afirma a convicção de que o governo dos Estados Unidos O havia lentamente envenenado durante os 12 dias em que ele estivera sob sua custódia, em setembro de 1985.
Em Abril de 1988, Apesar das tentativas dos governos do “mundo livre” para isolar Osho, num virtual exílio interno, milhares de discípulos conseguem viajar para Puna, para estar com seu Mestre uma vez mais.
Osho deixa o corpo de dia 19 de janeiro de 1990. Apenas algumas semanas antes desta data, havia lhe sido perguntado o que aconteceria com o seu trabalho quando ele partisse. Ele disse, então:

 “Minha confiança na existência é absoluta.
 Se houver alguma verdade naquilo que estou dizendo,
 isso irá sobreviver...
 As pessoas que permanecerem interessadas no meu trabalho
 irão simplesmente carregar a tocha, mas sem imporem nada a  ninguém...

 “Permanecerei uma fonte de inspiração para o meu povo,
 e é isso que a maioria dos saniássins sentirá.
 Quero que eles desenvolvam por si mesmos qualidades como o amor,
  à volta do qual nenhuma igreja pode ser criada;
  como consciência, que não é o monopólio de ninguém;
  como celebração, deleite;
  e que se mantenham rejuvenescidos, com os olhos de uma criança...

 “Quero que as pessoas conheçam a si mesmas,
  que não sigam as expectativas dos outros.
  E a maneira é indo para dentro.”

Em conformidade com suas orientações, a comuna que cresceu à sua volta ainda floresce em Puna, Índia, onde milhares de discípulos e buscadores se reúnem durante o ano inteiro, para participar das meditações e dos outros programas lá oferecidos.


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